Voltar Grupos reflexivos para homens autores de violência contra mulher reduzem reincidência

Como dar os primeiros passos e consolidar o trabalho desenvolvido por Grupos Reflexivos e Responsabilizantes para Homens Autores de Violências contra Mulheres foi o tema de curso promovido nesta semana (17 e 18/8) pela Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid-TJ), em parceria com a Academia Judicial do Poder Judiciário de Santa Catarina e com o Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGP-UFSC). A desembargadora Salete Sommariva, coordenadora honorária da Cevid, abriu o evento na noite de quinta-feira (17).

Discutir a importância do trabalho desenvolvido por esses grupos reuniu mais de 110 interessados no Pleno do Tribunal de Justiça, em Florianópolis. A reincidência entre os participantes dos Grupos Reflexivos (GRs), atestam pesquisadores, é drasticamente reduzida. Conceitos teóricos e dinâmicas sobre práticas que devem ser priorizadas nesse trabalho foram repassados para incentivar a criação e a consolidação dos grupos já atuantes - desde questões básicas até orientações mais específicas.

Palestra do Tribunal Pleno.
 

“Não tratem estes homens como agressores, mas sim como autores, pois isso evita a estigmatização“; “A participação nestes grupos não é uma pena, é uma intervenção técnica, e o objetivo é prevenir a violência”; “A violência é controle, lugar de cerceamento, não é forma, é função”; “Vídeos e palestras não vão ao centro da questão. É preciso reflexão, fazer com que os homens pensem e falem sobre suas ações”. 

As intervenções do pesquisador Daniel Fauth Washington Martins, com formação em Direito e Psicologia, primeiro palestrante da manhã desta sexta-feira (18), deram uma pequena amostra do desafio que se tem pela frente ao buscar padronizar o trabalho e oferecer serviços de excelência nos grupos reflexivos. Daniel sabe do que fala - é parceiro do Judiciário de SC em ações com homens autores de violência e coautor da obra que mapeou os GRs no país.

Ele revela que, enquanto o índice geral de reincidência dos homens autuados no âmbito da Lei Maria da Penha alcança 50% - ou seja, de cada dois, um vai retomar a prática violenta -, entre aqueles que passam pelos GRs o percentual cai para 10%. Daniel acredita que as recomendações elaboradas pelo CNJ em 2022, baseadas no mapeamento nacional dos GRs feito pela Cevid-UFSC-Cocevid, podem ser o ponto de partida para a consolidação dos grupos. “Prevenir a violência contra a mulher deve ser política de Estado”, finaliza.


 

Em seguida, a psicóloga Ana Carolina Maurício, pesquisadora do Grupo de Estudos Margens/UFSC e supervisora do projeto Ágora, apresentou a metodologia para grupos reflexivos para homens autores de violência. Destacou a importância do acolhimento e da triagem dos homens encaminhados para os grupos, tanto para o estabelecimento do primeiro laço entre eles e as equipes, quanto para a avaliação de riscos de nova violência e de demandas e encaminhamentos específicos. A pesquisadora explicou, ainda, que, para começar a planejar e a organizar um grupo é preciso conhecer a rede de enfrentamento da violência contra as mulheres, mapear um fluxo de atendimento de acordo com as particularidades locais e observar as diretrizes teóricas e metodológicas". O evento segue até às 18 horas.

Imagens: Divulgação/TJSC
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)

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