Projeto na comarca de Camboriú dá voz a mulheres vítimas de violência doméstica - Imprensa - Poder Judiciário de Santa Catarina
25 Agosto 2021 | 15h27min
- Violência Doméstica

Quando foi alvo de violência doméstica, a estagiária Anna Paula Nienkotter Tavares, lotada na comarca de Balneário Camboriú, se calou. Teve medo de ser julgada ao denunciar, vergonha pela situação vivenciada e “morreu um pouco por dentro”, como ela mesma diz. Anos depois, tomou coragem e percebeu que falar sobre o tema ajudaria não só ela, mas muitas outras. Além de ganhar voz, compartilhou sua vivência e encontrou outras mulheres que passaram por situações semelhantes. Os relatos se tornaram um vídeo exibido no 1º Agosto Lilás de Camboriú e estão no Instagram @direitoeinformacao10, idealizado pela acadêmica de Direito para levar informação jurídica ao público em geral.
Além de Anna, três mulheres relatam, em vídeo, episódios de violência doméstica e como eles marcaram suas vidas. A advogada Kátia Quintanilha Soares, apoiadora do projeto e também quem convidou a estagiária para fazer parte do 1º Agosto Lilás em Camboriú; a psicóloga Inês Arend, vítima de violência doméstica enquanto estava grávida e que teve que mudar de cidade ao não encontrar apoio da família quando resolveu se separar e a empreendedora Micheli Mattos, que sofreu violência psicológica durante um longo relacionamento.
“O vídeo tem como hashtag #naocaleasuavoz. A ideia inicial é essa, fazer com que as mulheres não calem a sua voz e possam falar abertamente sobre a violência doméstica e saber que serão acolhidas, inclusive com escutas humanizadas que já fazem parte do judiciário. Percebo que quando mulheres se unem para debater sobre algo que já vivenciaram, elas se sentem mais fortes e encorajadas para passar pelo processo de desconstrução de uma vida. Isso lhes gera confiança, amor próprio e percebem que são corajosas o suficiente para dar a volta por cima. Há muito o que se fazer, há muito que caminhar, mas o vídeo em si, ao meu ver, já demonstra que algo mudou pois não queremos mais ficar sem nossa voz”, reforça.

As reflexões tiveram início nas redes sociais e se tornaram o trabalho de conclusão de curso: "Educação para cidadania: Uma análise da violência doméstica no Brasil", orientado pelo professor Dr. Ismael Francisco de Souza. O próximo passo, segundo Anna, é apresentar uma proposta de lei para que todos os municípios sejam obrigados a implementar os grupos reflexivos para tratar tanto do agressor quanto da vítima. Grupos que já existem em algumas cidades como Camboriú, o qual conta com apoio do curso de Psicologia da Uniavan de Balneário Camboriú.
“O maior desafio é percebermos que ainda vivemos em uma sociedade patriarcal e desconstruir isso levará muito tempo. Por isso, ao meu ver, ter a coragem de falar abertamente e lutar por políticas públicas que possam com auxílio do judiciário e da Psicologia tratar a sociedade em si e essa violência instaurada é um dos caminhos. Precisamos debater isso abertamente, principalmente em escolas e universidades, mas infelizmente nem todos dão a devida importância para o tema. Os índices da violência doméstica contra a mulher falam por si”, ressalta ao citar que de janeiro até a segunda semana de agosto deste ano 38 mil boletins de ocorrência de violência doméstica foram registrados no Estado, além dos índices de feminicídio que aumentaram consideravelmente principalmente com a questão da pandemia.

A exibição do vídeo e a participação no 1º Agosto Lilás de Camboriú, de acordo com Anna, só foi possível pelo apoio da advogada Kátia Quintanilha Soares, incentivadora do projeto, e da edição de Flávio Yamil Gomez, esposo e maior incentivador dela. Além do 1º Agosto Lilás de Camboriú, o vídeo também foi exibido pela professora Patrícia Fontanella na Escola da Magistratura. A estagiária agradece ainda ao apoio do 2º juiz substituto da 24ª Circunscrição Judiciária, Luiz Octavio David Cavalli, dos colegas da comarca de Balneário Camboriú, além dos amigos pessoais que acreditam que ações como esta fazem a diferença para a sociedade.
Vídeo com os depoimentos: https://bit.ly/38bVNme
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)
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