O oficial de justiça Flávio Biesdorf, da comarca de Cunha Porã, não conseguiu conter as lágrimas ao lembrar um pouco tudo o que vivenciou profissional e pessoalmente em quatro décadas de trabalho no Poder Judiciário de Santa Catarina. Aquele jovem que auxiliava o pai na lavoura tirou nota 10 no primeiro concurso que prestou. Aos 18 anos de idade, só tinha o ensino fundamental – na época, o ginásio – e por isso disputou uma vaga de serviços gerais. Foi empossado em 1982, em seu primeiro emprego, na comarca de Mondaí.
Como datilografava bem, logo o juiz levou o rapaz para o cartório, onde permaneceu três anos e meio. Em 1985, foi lotado em Chapecó. “Foi um período desafiador. Sem conhecidos, nunca tinha saído do município. De repente, viajei para treinamentos em Florianópolis e Porto Alegre. Em um ano e meio tive muitas oportunidades de crescimento pessoal, inclusive”, conta o jubilado.
Mas o maior feito de Biesdorf no PJSC, segundo ele, aconteceu em 1986, quando foi instalada a comarca de Cunha Porã. Novamente com excelente desempenho, passou em primeiro lugar no certame para oficial de justiça, cargo que ocupa até hoje. “Com incentivo dos meus colegas e juízes, me graduei em Direito. Passei para escrivão, também em primeiro lugar, na comarca de Caçador. Fiquei uma semana e decidi voltar. Nasci e me criei nesta região. É aqui que me sinto bem e realizado com meu trabalho. Até fui vereador por dois mandatos! Sinal de que me dou bem com os moradores, mesmo intimados [risos].”
Hoje, aos 59 anos de idade, o servidor número 1 da comarca de Cunha Porã conta que presenciou uma verdadeira revolução na Justiça catarinense. Iniciou utilizando máquina de escrever, depois veio a versão elétrica, em seguida o telex, que logo foi substituído pelo fax, e agora os processos digitais.
“Jamais imaginei ver tanta modernidade e facilidade de acesso como o que temos atualmente. Aproveito para parabenizar o PJSC pela busca incessante de melhorias necessárias ao nosso trabalho e, consequentemente, ao resultado entregue à comunidade. Tive muita dificuldade em toda minha trajetória, precisei e ainda preciso dos profissionais de TSI. Tive medo, mas com ajuda de todos e com vontade, consegui aprender.”
Biesdorf diz que passou bom tempo como o único oficial de justiça da comarca e que, agora, com mais dois servidores na equipe, consegue prestar o serviço com mais qualidade e um resultado realizador. O saxofonista de uma banda da cidade já tem condições legais para se aposentar, mas deixar o PJSC, só daqui a dois anos pelo menos.
“Sempre fui muito esforçado. Passei muita dificuldade, mas a vontade de melhorar era maior. Quando comecei, na comarca de Mondaí, não sabia nem falar o português direito. Tive muita ajuda e incentivo no PJSC. Faria tudo de novo porque valeu muito a pena. Graças ao meu trabalho e ao apoio de minha esposa, Carmen, consegui formar meus filhos – Henrique é engenheiro mecânico e Ricardo é técnico agrícola e acadêmico de Agronomia. É uma grande alegria para mim!”
Homenagem
Tanta dedicação rendeu uma homenagem do PJSC. Na comarca, o servidor foi presenteado com uma placa. “Foi muito emocionante. Gostei muito. Nunca imaginei esse momento. Eu realmente não esperava”, agradeceu Biesdorf. Na placa estão os seguintes dizeres:
Flávio,
Parabéns pelos 40 anos de serviços prestados ao Judiciário catarinense, em especial pela atuação diligente e dedicada junto ao Oficialato de Cunha Porã. Esperamos que você sempre colha os frutos de sua dedicação e continue recebendo o merecido reconhecimento por tudo o que faz. Admiramos sua trajetória profissional e honramo-nos em compartilhar parte desse tempo com você. Seu ofício sempre exercido com celeridade, eficiência e ética é exemplo e inspiração para nós. Desejamos que o sucesso continue sendo parte de sua história.
Fórum de Cunha Porã