Webinar no TJSC: tratamento do TEA deve ser fundamentado em evidências científicas - Imprensa - Poder Judiciário de Santa Catarina
Evento integra ações da Semana Nacional da Saúde
- Autismo
O Comitê Estadual de Saúde do Estado de Santa Catarina (Comesc) e o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) promoveram nesta terça-feira, 8 de abril, o webinar “Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas áreas de saúde pública e suplementar”. O debate integra as ações da Semana Nacional da Saúde e teve como objetivo apresentar as boas práticas, os desafios e as melhorias necessárias no atendimento a pessoas com TEA. Um ponto fundamental apontado é que os tratamentos devem ser fundamentados em evidências científicas e na expertise dos profissionais. A coordenadora do Comesc, juíza Candida Inês Zoellner Brugnoli, abriu o webinar, que foi transmitido pelo canal TJSC oficial no YouTube .
“A intenção é propor uma abordagem técnica e contextualizar o tratamento como ele deve ser feito, fundamentado em evidências científicas. No Judiciário temos muitos pedidos e nem sempre sabemos qual o melhor tratamento, porque existem diferentes intervenções e muitas ainda são experimentais. O objetivo é assegurar o tratamento de forma eficiente e eficaz”, anotou a magistrada.
O palestrante Hiago Murilo de Melo, diretor assistencial do Grupo Bem Viver e Certified International Behavior Analyst® (IBA®/IBAO®), apresentou o tema “Práticas Baseadas em Evidência para Intervenção no TEA”. O doutor e mestre em neurociências pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) destacou que o prejuízo de uma criança autista é na comunicação e na interação social, observado nos padrões repetitivos de comportamento.
Hiago recordou que o autismo tem origem biológica e, por isso, a criança nasce com essa condição. “A hipótese mais aceitável do TEA é o processo de poda neural. E, por conta disso, já podemos realizar o diagnóstico precoce entre o 1º e o 2º ano de vida. O diagnóstico precoce é importante por causa da resposta ao tratamento, porque quanto mais cedo for o diagnóstico, mais tempo haverá para trabalhar nas habilidades sensoriais e linguísticas. E as intervenções devem ser fundamentadas em evidências científicas disponíveis, mas não basta ler o manual, o profissional precisa ter a expertise”, pontuou.
Na sequência, o CEO da Crescentis e especialista em gestão de saúde Tiago Rafael Ganguilhet Lucero ministrou a palestra “Criança Atípica no Centro do Cuidado: Inovação, Sustentabilidade e Valor em Saúde”. Lucero, que atuou em posições estratégicas no sistema Unimed, em operadoras de saúde e instituições hospitalares, chamou a atenção para a prevalência das crianças com autismo nas últimas duas décadas nos Estados Unidos. Em 2002, a prevalência era de uma criança com autismo a cada 150. Em 2023, a relação foi de uma criança a cada 36.
O especialista em gestão de saúde enalteceu a força da rede no sucesso do tratamento. “Precisamos de equipes técnicas mais colaborativas e integradas, com a regulamentação da cadeia de tratamento. A família precisa ser estimulada para estar dentro do processo terapêutico, e a escola deve ser a extensão do processo, que é um desafio gigantesco. Para isso, precisamos transcender as barreiras da saúde para chegar às fileiras da educação e oferecer as melhores condições aos professores, e entender quais as melhores abordagens. E uma rede de cuidado que potencialize o desenvolvimento, para que possamos entregar o máximo de autonomia dessas crianças para a vida adulta”, completou.