Trabalho da Justiça catarinense para combater violência doméstica inspira documentário - Imprensa - Poder Judiciário de Santa Catarina
Vídeo foi produzido por estudantes da cidade de Palmitos, no extremo oeste de SC
- Educação
Um dos trabalhos finais de 2024 na disciplina de Filosofia, proposto para a turma do 2º ano da Escola de Educação Básica Princesa Isabel, de Palmitos, no Extremo Oeste, possibilitou importantes reflexões à comunidade em geral. A ideia era produzir documentários com temas definidos pelo professor a partir de tópicos estudados, como justiça, ética e questões sociais contemporâneas. Um dos grupos de alunos optou por se aprofundar no serviço prestado pelo Poder Judiciário de Santa Catarina e acabou encontrando um debate mais do que necessário: o combate à violência doméstica. O resultado foi o documentário “Basta! Um grito pela liberdade”.
Quatro adolescentes com 16 e 17 anos de idade conheceram os programas de prevenção e combate à violência doméstica desenvolvidos pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, inclusive participaram de ações do “Justiça pela Paz em Casa”. “Muitas pessoas não sabem como funciona o fórum, somente o básico: que é um órgão da Justiça, do Poder Judiciário, onde acontecem audiências. Então, surgiu a oportunidade de participar dessa discussão sobre a violência doméstica sob o olhar e opinião de alguns líderes que compõem a sociedade, mostrando que é uma pauta interessante e importante a ser debatida, procurando soluções”, conta a aluna responsável pelo argumento, proposta, roteiro, estrutura e cronograma do documentário, Eduarda Agapio.
Em oito minutos e 40 segundos, o vídeo conta a história de violência doméstica vivida por uma conterrânea dos alunos, sob a narrativa dela mesma. Duas testemunhas contribuem para o trabalho dos adolescentes. A gravação e edição também ficou por conta dos estudantes, que utilizaram os próprios aparelhos celulares. Além da aluna Eduarda, participaram da produção os jovens Nicolas Augusto Berger, Cheila Natalina Neumann e João Vitor Cardoso dos Santos.
“Com esse documentário, pretendemos alcançar o máximo de pessoas possível para que o assunto seja comentado, para ser dada a devida importância, pois sabemos que já têm se tornado normais casos de violência doméstica contra vizinhas, familiares e demais mulheres próximas dos agressores. Porém, pouco se encoraja a buscar ajuda e a denunciar esse tipo de agressão. Queremos que as mulheres que sofrem com esse tipo de situação não fiquem em silêncio. Que esse documentário sirva como encorajamento para denunciar o agressor, sem que a vítima culpe a si mesma”, reforça o grupo.
Além da sala de aula
O professor da disciplina, Hevandrus Santos, explica que o projeto “Novos Olhares – Palmitos sob uma nova perspectiva” sugeriu a produção de documentários como uma forma de incentivar os alunos a aplicar o que aprendem em sala de aula de maneira prática e criativa. “A produção audiovisual permite que eles desenvolvam habilidades importantes, como pesquisa, argumentação, planejamento e trabalho em equipe, além de promover uma compreensão mais profunda dos temas que estão estudando”.
Santos ainda lecionou, no último ano, na Escola de Educação Básica Felisberto de Carvalho, em Palmitos, onde o projeto também foi realizado. Entre as duas unidades de ensino, ao todo, foram produzidos 15 documentários. A exibição coletiva para a comunidade aconteceu na Câmara Municipal de Vereadores. “O principal objetivo foi estimular a capacidade crítica e expressiva dos alunos, desenvolvendo habilidades técnicas no processo de criação audiovisual. Além disso, os documentários buscam promover uma intervenção local, levando questões relevantes para o Poder Público e organismos sociais, visando gerar reflexão e possíveis ações de melhoria na comunidade. Os documentários também serviram como uma forma de avaliação de temas discutidos em sala de aula”, destaca.
Todas as produções audiovisuais estão disponíveis gratuitamente no canal “Professor Hevandrus”, no YouTube. O grupo considera a possibilidade de criar uma página nas redes sociais para compartilhar os documentários e promover discussões sobre os temas abordados, ampliando o alcance e o impacto das produções. Sobre a violência doméstica, os alunos complementam: “Queremos dar visibilidade a esse assunto, além de trazer paz e dignidade às vítimas. A cada minuto, uma mulher é agredida no nosso país. São mulheres que não denunciam, que sofrem em silêncio. Em 2023, mais de 1.300 mulheres foram vítimas de feminicídio. Isso significa que uma mulher é assassinada a cada sete horas, simplesmente por ser mulher. Não fique em silêncio. Denuncie!”