Estudante se encanta com um dos itens mais prosaicos do acervo do Museu do Judiciário - Imprensa - Poder Judiciário de Santa Catarina
Choque geracional é flagrado durante visita ao TJSC
- Memória
Em visita ao Museu do Judiciário numa das tardes desta semana (11/4), o estudante Cristiano da Luz Alves Filho parou em frente a um objeto e passou a analisá-lo com curiosidade e atenção. Aproximou-se para ver os detalhes, teve vontade de tocar, mas não tocou – não sabia se podia.
Todo o resto do Museu – os manuscritos do século 19, ações de libertação de escravos, mobiliário antigo, vestes talares, urnas de 200 anos, porta-tinteiros – parecia não lhe interessar, somente aquele objeto. Nem mesmo as exposições sobre a Revolução Federalista e a Guerra do Contestado despertaram tanto o seu interesse.
Cristiano e mais 40 estudantes de Direito da Faculdade Anhanguera, de São José, visitaram o Museu e a sala de sessões Ministro Teori Zavascki, e ainda puderam acompanhar alguns julgamentos. A iniciativa da visita partiu do professor Luiz Paulo Amaral Cardozo.
Os estudantes foram recebidos por Lília Lacerda da Silva, chefe da Seção do Museu, e pelo historiador Sandro Makowiecki. Lília falou da origem do Museu, que completa 33 anos em 2024, e dos documentos raros que ele guarda, disponíveis na íntegra em plataforma totalmente pública e gratuita.
Sandro, por sua vez, mostrou processos, armas, imagens de navios, maquetes de veleiros e outros documentos que compõem a exposição sobre a Revolução Federalista, ocorrida de 1893 a 1895. Ele contou que, entre as 120 pessoas fuziladas na ilha de Anhatomirim – acusadas de participar da sublevação –, estavam o juiz de direito Joaquim Lopes de Oliveira e o desembargador Francisco Antônio Vieira Caldas.
Já sobre a Guerra do Contestado, maior conflito armado do país, que aconteceu em território barriga-verde de 1912 a 1916 e foi desencadeado por disputa territorial entre estados da região Sul, o historiador focou nas fotografias expostas na parede, registradas pelo sueco Claro Gustavo Jansson.
Enquanto isso, Cristiano continuava a analisar o objeto, agora acompanhado de duas colegas. Nascido em 2001, ele estava com os olhos fixos numa máquina de escrever, mas parecia estar diante de um papiro egípcio ou de um pergaminho da época dos apóstolos. “É a segunda vez que eu venho ao TJ, mas é a primeira que consigo chegar mais perto dessa máquina, e é como ver o passado, antes da era digital”, comentou.
Na sequência, os alunos estiveram na sala de sessões Ministro Teori Zavascki, onde ouviram uma palestra didática sobre o funcionamento da Justiça e a organização do TJ, ministrada pelo servidor Paulo Roberto Souza de Castro, secretário da 3ª Câmara de Direito Público.
"Esta parte foi muito importante porque consegui entender melhor a estrutura do Judiciário”, disse Francis Thamires, estudante da 4ª fase. Com a visita, Letícia Amélia de Souza, já no fim da graduação, descobriu que o Tribunal não é velho como supunha. “Não imaginava que fosse assim, bonito e grande, nem que fosse novo, achei que o Tribunal era no estilo do que vimos no Museu, todo mais antigo.”
Com impressões diferentes, Cristiano, Francis e Letícia gostaram da experiência, dizem que não vão esquecê-la e recomendam que outros estudantes façam o mesmo.
As visitas de universidades ao Museu – que desde o ano passado se chama Museu Desembargador Tycho Brahe Fernandes Neto – podem ser agendadas com a Assessoria de Cerimonial no e-mail cerimonial@tjsc.jus.br ou no telefone (48) 3287-2545. Já as visitas das escolas são agendadas pelo Museu no telefone (48) 3287-2436 ou pelo e-mail dgdm.museu@tjsc.jus.br .