Chefes de secretaria, responsáveis por tudo o que não é ação judicial nos fóruns de SC - Imprensa - Poder Judiciário de Santa Catarina
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Eles são os servidores mais conhecidos e requisitados nos fóruns do Poder Judiciário de Santa Catarina. Os chefes de secretaria são responsáveis por todas as questões pertinentes à gestão de pessoas, manutenção predial e material de expediente, bem como aos cartórios extrajudiciais. E, como eles mesmos dizem, às vezes precisam atuar como mediadores e até terapeutas.
Para assumir a função, passaram por concurso público cuja aprovação os tornou técnicos judiciários auxiliares ou analistas administrativos. No entanto, para assumir a secretaria, foram convidados pelo juiz diretor do foro. Um dos critérios para o cargo é ter ensino superior completo em direito, administração, ciências contábeis ou economia.
Esses profissionais trabalham em um setor bastante dinâmico das comarcas. Embora alguns procedimentos sejam rotineiros, há situações nunca antes vistas. Um dia a dia cheio de experiências e histórias que valem a pena ser conhecidas e compartilhadas.
Em Blumenau, Antenor teve dúvidas em assumir o cargo
Quando foi aprovado no concurso para técnico judiciário auxiliar do PJSC, o chefe de secretaria do Fórum Central da comarca de Blumenau, Antenor Elias Alba, 51 anos, quase não assumiu o cargo. Anos antes, ele havia se mudado para a cidade para cursar administração e seu salário na época era superior ao que receberia como concursado. Após conversas com conhecidos que atuavam no Poder Judiciário, foi convencido que seria uma excelente oportunidade – tanto pessoal como profissional – e, garante, não se arrepende da decisão.
Quando tomou posse em setembro de 1992, o servidor não imaginava assumir a atual função. Em quase três décadas de trabalho na comarca de Blumenau, Antenor atuou na Distribuição e na Vara da Família, Infância, Juventude e Registros Públicos até 1997. Depois disso, quando teve início o processo de informatização, foi designado para desempenhar funções relacionadas à informática, onde permaneceu até o final de 2015. No ano seguinte, com a aposentadoria da antiga secretária, foi convidado para atuar como chefe de secretaria.
Os desafios da função são muitos, claro. O maior deles diz respeito a gerenciar pessoas. Com quase seis anos à frente da secretaria, Antenor compartilha que durante a pandemia foi preciso se adaptar à nova realidade. “Foi uma mudança muito brusca e repentina, tanto que, neste período de pandemia, cumpri praticamente todo o expediente presencialmente. Numa comarca do porte de Blumenau não há como o secretário desempenhar as funções em home office”, explica. Sobre os planos para o futuro, o servidor é enfático: “Sempre gostei do que fiz e, apesar da grande responsabilidade e muitas vezes sobrecarga, sei que posso contribuir muito ainda com a instituição”.
Gentileza é a marca registrada da secretária de Chapecó
Todo estudante de direito, ao longo do curso, precisa cumprir estágio profissional. A chefe de secretaria da comarca de Chapecó, Suzeli Scheffer Lucietto, estava nesse momento acadêmico quando abriu concurso para agente de portaria e comunicação na comarca de Xaxim, em 2000. Entre estagiar no Poder Judiciário catarinense e se tornar servidora oficial, optou pela segunda possibilidade. Apesar da grande concorrência, a então jovem estudante foi aprovada em primeiro lugar.
Tomou conhecimento da existência do cargo de secretária do foro quando assumiu sua função pública. Cinco anos depois, já na comarca de Chapecó, foi convidada para atuar no setor. Em 2010, prestou novo concurso para técnico judiciário auxiliar e começou a trabalhar no setor de distribuição. Em 2013, voltou para a secretaria e, em 2017, assumiu como chefe da unidade.
Suzeli conta que organizar e realizar a comemoração do centenário da comarca de Chapecó foi um dos desafios superados. Deixar marcas positivas na vida das pessoas que buscaram por ela é uma das características da servidora.
“Certa vez, consegui convencer o secretário-geral do PJSC a reconsiderar uma candidata do concurso que não respondeu ao e-mail de convocação. A mensagem estava na caixa de spam”, relembra. Em outra ocasião, precisou ouvir por horas uma pessoa intimada para ser jurada em um julgamento. “Ela contou que foi tratada com muita rispidez por um servidor do fórum. Orientei que registrasse por escrito o ocorrido. No fim, não registrou a reclamação e entendi que só precisava ser ouvida e desabafar. É incrível como as pessoas ficam agradecidas quando prestamos serviço a elas, pelo simples fato de atendermos com gentileza”, observa a secretária.
Em sistema de rodízio com os demais colegas da secretaria, Suzeli trabalha presencialmente uma semana sim, outra não. Em home office, na maioria do tempo consegue focar no trabalho e administrar a rotina dos dois filhos. “Só a presença em casa, na hora do almoço, ou a possibilidade de buscar as crianças na escola são experiências gratificantes que nos outros moldes não eram possíveis. Para o futuro, penso em buscar um cargo dentro da comarca que permita o teletrabalho”, revela.
Espírito de equipe marca cotidiano em Araranguá, no sul catarinense
Graduado e mestre em economia, Rimenez Tuon, chefe da secretaria do foro da comarca de Araranguá, no sul do estado, se afeiçoou pelo direito administrativo quando trabalhava com licitações e processos administrativos. O interesse o levou à graduação em direito, e ele viu no concurso para analista administrativo do TJSC uma oportunidade de crescimento profissional.
Sabedor que, ao optar por uma vaga de comarca, poderia ser chefe de secretaria, foi empossado em 2010 e, segundo ele, teve a felicidade de trabalhar em três comarcas excelentes. “Comecei em Jaraguá do Sul, onde fui muito bem recebido. Pouco tempo depois fui para Sombrio, onde da mesma forma fiz grandes amigos e aprendi muitas coisas. E, por fim, desde 2013 estou em Araranguá”
O desafio da função, na sua opinião - compartilhada com demais colegas - é a pluralidade de assuntos e atribuições do cotidiano. “A maioria dos colegas desconhece a infinidade de tarefas atribuídas a um chefe de secretaria”, ressalta. A responsabilidade pela gestão de pessoas, manutenção predial, gestão patrimonial e de materiais, manutenção de veículos e extrajudicial, entre outras atribuições, passam pela secretaria do foro. “O chefe da secretaria do foro é responsável por uma diversidade de assuntos muito grande. Não temos uma rotina linear”, explica Tuon. Segundo ele, além do dia a dia e atribuições normais, a secretaria também é muitas vezes a porta de entrada para quem busca informações sobre a comarca.
Sobre sua função, revela que “todo chefe de secretaria é literalmente apegado ao fórum. Gostamos de ver se está tudo em ordem, se tudo está funcionando, se está limpo e organizado”. Ressalta, contudo, que a secretaria do foro não é composta apenas do seu chefe. “Temos uma equipe valorosa de servidores, estagiários e terceirizados que sempre se dedicam com muito afinco, exercendo suas atribuições de maneira exemplar”, garante.
E é sobre seus colegas que também compartilha uma memória que o emociona – uma recente campanha solidária promovida para ajudar a esposa de um vigilante que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). “Fiquei surpreso com o resultado. Nossa meta era bem acanhada, mas felizmente conseguimos superá-la e, hoje, apesar de não ser muito, estamos conseguindo aliviar um pouquinho o sofrimento daquela família. Este fato me marcou bastante. Foi a chance de perceber que boa parte dos nossos colegas tem um coração gigante e compreende o que significa ‘espírito de equipe’”.
"Eu quero ser servidor do TJSC", focava o chefe da Secretaria da comarca de Joinville
A relação do chefe da Secretaria do Fórum Central de Joinville, Fabrício Antunes Matiola, com o Poder Judiciário catarinense começou em um estágio aos 17 anos, quando ele era estudante de escola pública no ensino médio. Após passar em processo seletivo, incentivado pela diretora da escola, Fabrício conquistou uma vaga para estagiar no fórum de São Francisco do Sul.
Como estagiário da secretaria do foro, auxiliava no almoxarifado, atendimento e outras rotinas administrativas. "Naquela época, nem sabia o que o fórum fazia. Permaneci por dois anos como estagiário no fórum francisquense. Depois, acabei contratado pela Prefeitura de Araquari e fui cedido ao Poder Judiciário por mais dois anos. Em seguida, saí de lá, mas com a intenção de retornar um dia ao PJSC. Foi aí que eu foquei: 'Quero ser um servidor do Tribunal de Justiça'", conta.
Em 2009, Fabrício prestou concurso para o cargo de analista administrativo do TJSC e foi aprovado. Mas antes de ser chamado para assumir, prestou concurso para técnico judiciário, oficial da infância e oficial de justiça. Fabrício lembra que assumiu os trabalhos no Poder Judiciário catarinense no dia 7 de fevereiro de 2012 como técnico judiciário e, na sequência, foi convocado para o cargo de analista administrativo na comarca de Porto União. Depois, foi removido para a comarca de Joinville.
"Deus me trouxe a este trabalho e me considero muito abençoado porque tenho oportunidade de aprender muito e de me desenvolver profissionalmente. Sou muito grato por tudo o que aconteceu na minha vida", destaca. Fabrício relata que o secretário assume, muitas vezes, outras funções como de "psicólogo" e de intermediador, e costuma dizer, em tom de brincadeira, que "o que não é função dos outros é função do secretário".
Fabrício conta que os desafios são enormes, mas todos superáveis. "Pretendo continuar na comarca de Joinville porque tenho um carinho muito grande por todos aqui e, além disso, todos os dias venho feliz para trabalhar. Sinto-me satisfeito e muito realizado aqui", revela. Ele lembra que também estagiou, enquanto aluno do curso de direito, na comarca de Tubarão até retornar ao norte do Estado.
Em Lages, Yonara tem quase três décadas de atividades administrativas
Yonara Zeschau Schimitz Silva completou, no início deste mês, 28 anos de serviços prestados à Justiça catarinense. Começou na comarca da terra natal, Bom Retiro, e dois anos depois foi transferida para Lages, onde atua até hoje. “Parece que foi ontem. Lembro até da roupa que usava no primeiro dia de trabalho”, garante. Agente de portaria e comunicação era o nome do cargo para o qual prestou concurso. Atualmente, a função é chamada agente administrativo auxiliar. Na época, ela cursava agronomia, mas conhecer como funciona a Justiça a fez mudar o caminho e buscar a graduação em direito.
Praticamente todas as experiências de quase três décadas estiveram ligadas às atividades de secretaria. Nesse tempo, viu muita coisa mudar. “Tivemos avanços tecnológicos importantes e que vêm ajudando na prestação jurisdicional, no nosso trabalho e no atendimento à sociedade”, diz. Yonara atua na secretaria do foro há 17 anos. Como chefe do setor, há quatro. “Gosto muito do meu trabalho. Tem dias difíceis, como em todo lugar, bastante coisa para fazer, mas pretendo me aposentar aqui”.
Cuidar da parte administrativa de uma das maiores e mais antigas comarcas do estado tem sido um desafio, especialmente nesse período de pandemia. O quadro de pessoal conta cerca de 250 colaboradores entre magistrados, servidores efetivos, assessores, terceirizados e estagiários. Além disso, Yonara acompanha, de perto, a ampla reforma estrutural do prédio, que começou em setembro do ano passado e deve ser entregue em 2022. Na secretaria estão lotados outros dois servidores, e a equipe se completa com mais quatro colaboradoras terceirizadas.
Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)