Poupança: prós e contras - Servidor - Poder Judiciário de Santa Catarina
Dicas financeiras
Vale a pena colocar meu dinheiro na poupança? A rentabilidade é boa? O que acontece com a rentabilidade em um cenário de crescimento da inflação? Como ela é calculada? Essas e outras perguntas serão abordadas nesta dica financeira! Vem com a gente!
Preferida entre os brasileiros, a aplicação na poupança é a forma mais tradicional e conservadora de se guardar dinheiro. Pesquisa realizada em 2020 pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelou que mais da metade dos brasileiros (mais precisamente 52,1%) não tem o hábito de poupar. Dos que poupam, 62% disseram deixar seus recursos na caderneta de poupança e, acreditem, outros 27% responderam preferir deixar seus recursos em casa.
Pontos positivos
Quando o brasileiro consegue poupar, ele prefere a facilidade, a segurança e a liquidez, abrindo mão de maior rentabilidade. Nesse sentido, ela possui alguns pontos positivos:
a) Liquidez: o valor investido pode ser rapidamente transformado em dinheiro vivo;
b) Zero tarifas: a conta-poupança é isenta de taxas de abertura de conta e de administração;
c) Isenção de impostos: para pessoa física, os rendimentos são isentos do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF);
d) Garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC): o FGC, presente também em outras modalidades de investimentos em renda fixa, é uma espécie de “seguro” que permite ao investidor, em caso de insolvência financeira do banco, receber a quantia depositada, sem perdas. Tal proteção é limitada a R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais) por CPF, por instituição, e limitado a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) a cada 4 anos;
e) Facilidade e praticidade: forma mais fácil de se iniciar uma reserva de recursos.
Mas por que a aplicação na poupança gera discussão?
Porque nem sempre a rentabilidade da poupança é suficiente para manter, ou garantir o poder de compra dos recursos aplicados. Para compreendermos esta questão, a rentabilidade deve ser comparada com a inflação, a fim de se obter o ganho real (rentabilidade da aplicação menos a inflação do mesmo período).
Observem, no gráfico abaixo, o rendimento mensal da poupança em comparação com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Principalmente após o mês de julho de 2020, o rendimento da poupança vem perdendo significativamente para a inflação:
Fonte: https://investnews.com.br/guias/poupanca-como-funciona-quanto-rende/
Vejamos um exemplo:
Um valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) aplicado na poupança. Supondo a rentabilidade da poupança de 2% ao ano, ao final do ano o saldo na conta poupança será de R$1.020,00 (um mil e vinte reais). Se nesse mesmo ano, o índice de inflação foi de 4%, aquele produto que você pretendia comprar, que custava R$ 1.000,00 (um mil reais), estará custando, em média, R$ 1.040,00 (um mil e quarenta reais). Assim, a rentabilidade dos recursos deixados na poupança não foi suficiente para manter o seu poder de compra.
Dentro desse contexto, vale reforçar a importância de, sempre que possível, acumular e poupar para, somente depois, efetuar a compra. Tal providência pode render descontos na hora compra, evitar juros em pagamentos parcelados e, ainda, aproveitar a rentabilidade dos valores investidos.
Mas, afinal, qual é a rentabilidade da poupança e como ela é calculada?
Sobre esse assunto, é interessante saber que os recursos aplicados na poupança são destinados pelas instituições financeiras, na sua maior parte, para programas de financiamento imobiliário, como o Sistema Financeiro de Habitação, ou seja, possuem uma função social e de estímulo ao setor de construção civil no país.
No ano de 2012, houve mudança nas regras de remuneração, justamente para que, em cenários de queda dos juros, a rentabilidade da poupança não fique superior à Selic (taxa básica de juros da economia). Isso porque, além do exposto acima, o governo pega dinheiro emprestado através de títulos públicos e, se a poupança ficar mais atraente do que estes, pode gerar a migração dos investimentos para a poupança, prejudicando o financiamento do próprio governo.
A remuneração da poupança é regulada pelo Governo Federal, ou seja, não depende da instituição financeira. O percentual incide sobre o menor saldo do período. Para contas tipo pessoa física, o período é o mês corrido, tendo como data de aniversário a data de abertura da conta (para contas abertas nos dias 29, 30 e 31, a data de aniversário é o dia 1º do mês seguinte, data de crédito do rendimento). Em caso de saque antes da data, não há nenhuma rentabilidade.
As regras de remuneração da poupança são as seguintes:
a) Poupança antiga (depósitos feitos até 3 de maio 2012): a remuneração desses depósitos é sempre de 0,5% ao mês (6,17% ao ano) mais TR, independentemente do percentual da Selic;
b) Poupança nova (depósitos efetuados a partir de 4 de maio de 2012): aqui teremos duas possibilidades:
b.1) Selic menor ou igual a 8,5% ao ano: a poupança renderá 70% (setenta por cento) da Selic, mais a taxa referencial (TR);
b.2) Selic maior que 8,5% ao ano: a caderneta passa a ter um retorno fixo de 0,5% ao mês mais a TR (ou seja, 6,17% ao ano).
Fonte: https://investnews.com.br/guias/poupanca-como-funciona-quanto-rende/
Em 8 de dezembro de 2021, com a decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM) de elevar a taxa básica de juros (Selic) de 7,75% para 9,25%, houve a alteração da forma de rentabilidade da poupança. Assim, a caderneta, que antes rendia 5,43% ao ano, passou a ter rentabilidade de 6,17% ao ano mais TR. Sobre a TR, taxa referencial atrelada à remuneração dos títulos públicos, que desde 2017 estava zerada, com a elevação da taxa de juros voltou a apresentar valor positivo em dezembro de 2021 (TR dez/2021 = 0,048% a.a.).
No entanto, o acumulado do IPCA nos últimos doze meses já atinge o patamar de 10,67% ao ano. Portanto, o investimento na poupança, em termos de rentabilidade, sequer atinge tanto a taxa básica de juros (Selic), quanto a inflação (IPCA).
Pontos negativos
Os principais pontos negativos da poupança são os seguintes:
a) baixa rentabilidade: Dentre as opções de renda fixa, tende a ser a de menor rentabilidade do mercado;
b) perda do poder de compra: significa que a sua rentabilidade não acompanha o nível de preço dos produtos, de maneira que estes crescem mais do que os juros que você recebe;
c) forma de cálculo da rentabilidade: é auferida apenas no dia do aniversário (uma vez a cada 30 dias), e é calculada sobre o menor saldo do período. Isto é, caso o resgate ocorra até o 29º dia, sobre ele não incidirão juros. Sobre este aspecto, registre-se que há muitos produtos de renda fixa nos quais a rentabilidade é diária, e não mensal. Desse modo, o investidor que aplicou, por exemplo, em um CDB de liquidez diária ou no Tesouro Selic, mas que resgatou no 20º (vigésimo) dia, receberá juros sobre o período, algo que não ocorre na poupança.
Nesse contexto, existem alternativas que também são seguras, possuem liquidez diária, são garantidas pelo FGC e remuneram em pelo menos 100% do CDI (que, na prática, é bem próxima a 100% da Selic). São elas: aplicações em Tesouro Selic, CDBs (Certificados de Depósito Bancários), fundos de investimento em renda fixa que investem em títulos públicos, LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e Agropecuário, respectivamente). Já escrevemos sobre estes assuntos em dicas anteriores.
Para formação de reservas de emergência (fatia do seu patrimônio utilizada para fazer frente a imprevistos de diversas naturezas), especialistas sugerem, por exemplo, o Tesouro Selic, que paga 100% da Selic, com remuneração diária. Nessa modalidade, até o valor aplicado de R$10.000,00 (dez mil reais) por CPF não há cobrança da taxa de custódia. Incide sobre a rentabilidade o IR, com taxas conforme o prazo aplicado. Nosso Programa possui tanto uma dica financeira quanto um podcast sobre o tema!
Em 2021, os títulos públicos passaram a ter liquidez diária, ou seja, se o resgate for solicitado até as treze horas, em dias úteis, o valor é creditado na conta no mesmo dia.
À medida que vem crescendo o interesse das pessoas sobre finanças pessoais e produtos financeiros, observa-se uma diversificação dos seus investimentos, conforme concluiu pesquisa realizada pela Associação Nacional das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capital – ANBIMA, denominada Raio X do Investidor brasileiro. Verificou-se que, no ano de 2020, pela primeira vez desde que a pesquisa passou a ser realizada, a poupança perdeu adeptos, enquanto outros investimentos como ações, títulos privados e fundos ganharam participação no portfólio dos brasileiros.
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